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As Crónicas da Vítima

As Crónicas da Vítima

Poesia... sentimentos de escrita...

26.02.14 | Bruno
Tenho tido algumas dificuldades em escrever. Tenho tido algumas dificuldades em sentir. E isto que se tornou no expoente máximo da minha vida, quando me falha, é como se me falhasse o chão.
Porque é que isto acontece? Porque é que acontece sentir e ser incapaz de escrevê-lo? Porque é que me acontece viver e sentir apenas uma grande desilusão? Porque é que são, as pessoas, uma grande desilusão? Em tudo? E, no fim de contas, todos? Até mesmo eu!
Quem me vê a sorrir, a rir, a correr em brincadeiras quase infantis... será que adivinham esta minha tormenta? Espero que não. Porque o que sinto, que fique apenas pelos meus versos ou por estes espaços onde deixo pedaços de mim. E que filho da puta algum me não impeça de fazê-lo.
Andam para cá e para lá. Bamboleiam-se, pavoneiam-se com alguém debaixo dos braço ou debaixo do braço de alguém. O amor, como a saudade, são bonitos apenas na poesia e para a poesia. Mas talvez eu estrja errado em assumir que o sexo seja mais real que o amor. Não amei tanto, sem bem te conhecer? Não te quis e não te quero, mesmo depois de se parecer que tentas provocar o meu medo nessas ruas nocturnas? Não te quero tanto, ainda que me sejas já quase indiferente? Poderia ser teu e, no entanto, acho que já não o quereria hoje. O amor é algo mais sonhado do que concretizado. E tens, ainda assim, páginas e páginas e páginas de versos dedicadas a ti. Poderia até pensar em fazer um livro teu... só teu... só versos para ti...
E hoje não vejo grande coisa. Alguém que se parece muito bem, parece bem enquanto está na minha linha de visão. Sai de cena e de vista e é já um esquecimento. Mais um esquecimento. E nem uma pancada dura para além do tempo em que o vejo. Um. Dois. Três. E nada. Nada de nada. Nada por nada. Nada para nada.
Terão passado tantos anos. Tantos quanto tenha aguentado esta vida. E o fim pode estar próximo. Posso estar à procura dele. Dele, do fim. Não dele, do homem do sonho, da fantasia, do dito amor. Não de quem, em tempos, sonhei que tanto amava.
E agora?
Agora passam-se noites. Noites frias. Noites solitárias. Hoje estou lá. Amanhã não. E o fumo do meu cigarro é a minha constante companhia. E a música (o Fado?) é outra das minhas companhias favoritas. Outra das minhas constantes companhias.
Durante a madrugada reescrevi uma carta que tinha para a Erin, aquela minha correspondente e amiga americana. Escrevi uma das minhas realizações recentes. Dentro de meses, faço 27 anos. E se raramente menciono os meus aniversários (faço sempre anos no ano seguinte), este ano... creio que não será excepção. No entanto, se alguém se recordar e se pensarem em ago que eu gostasse, não me "ofereçam" homens. Ofereçam antes bons livros de poesia, de qualquer poeta, ou qualquer coisa mais de Florbela Espanca. As cartas e as poesias completas. Qualquer coisa deste género. Porque assim e aqui, encontro o que é que as pessoas tanto sonham, aqueleamor maravilhoso e tão fantasioso.
Tenho tido certas dificuldades em escrever. Nada há que me encha a cabeça ou o peito de coisas maravilhosas. Ninguém o faz. Nem tu. E como gostaria de ser capaz de escrever. Ou de pintar. Desenhar, talvez. Tirar de dentro de mim todos estes negros sentimentos. Estes pensamentos mais negros ainda.
Quem me dera... ser capaz de qualquer coisa mais...

O que resta?

25.02.14 | Bruno
Anda um génio pelos ares. Anda um génio dentro de mim. Sou a lâmpada. Esfrega-me e vê-lo-ás sair.
E ele fala enquanto os homens caminham pelos bosques. Perdem-se em caminhos já definidos por entre as ramagens mais baixas. Ouvem-se os passos. Como que marcham. E eu vejo-os passar. Mãos assassinas tocam-me por entre as ramagens. Vermelho sangue ao longe.
Peço à voz - à minha voz - que não me falte. Peço-lhe que não deixe de falar. Peço-lhe que não deixe de declamar esses versos. Mas não os eacrevo. Estou muito ocupado... aqui... ali... por entre este e aquele novos caminhos. Peço à voz que cante o passado. O nosso passado. O passado de que temos conhecimento. O passado da minha - e da nossa - História. Há glória. Há sombras.
Passa o dia. A tarde morre ao longe.
Espero boas novas. Sobra a tristeza. Esvoaçam as cortinas, enquanto canta o homem morto. A minha alma já se foi há muito. Está perdida pelos mares de sonho. Nas praias de ninguém, morre mais uma mágoa engolida pelo mar. Espuma na areia. Nada. Ninguém. (São as praias de ninguém.)
Da verdade... o que nos resta? Aguardamos mais mentiras, pelas mentiras de um novo dia.
Não há nada. Não há mais nada.

Tristeza, amor, sentimentos

19.02.14 | Bruno
Como posso começar com estes escritos? Como posso começar isto aqui? 'Pelo começo' seria uma boa e desengraçada resposta, mas eu gostaria de saber como é que isto começa.
Talvez comece pela rápida vista de olhos dada ao Facebook. Ela partilhou uma das suas entradas de blog no Twitter, que apareceu no meu mural. Esses sentimentos... conheço-os bem. Tento calá-los, mas conheço-os bem. Não escrevo aqui, nem falo sobre isso que sinto. Seria dar voltas e voltas à mesma coisa, sem qualquer resultado. Escrevo certas coisas em cadernos baratos comprados nos chineses, entre versos pu e, várias entradas de diário seguidas. Por vezes, na mesma noite, uma entrada é fechada e outra é aberta pouco depois. Escrevo diários, como se fossem os textos mais preciosos do mundo. E sinto-me, no entanto, impossibilitado de escrever os meus versos.
Ontem à noite, ao sair do café, começaram uma conversa comigo, como há já um tempo não tinham. Observam que sou infeliz e que é o amor que me faz falta. O amor foi desejado em tempos. Hoje em dia, essa ideia é-me incómoda. Tenho dito que, caso apareça, não fugirei, mas que não é algo que ande à procura. Realmente não ando à procura de tal coisa, mas também não é algo que eu vá deixar desenrolar, caso algum dia me aperceba de que estou a cair por isso.
Há já algum tempo que não me falavam disto. Há já algum tempo que não me "chateavam" com estas questões.
Tento escrever e estou numa daquelas fases que relembram as luzes intermitentes de um navio que se afunda. Ora acesas, ora trémulas, antes que se apaguem de vez.
Saio do café um pouco mais cedo e vou para as bombas. Às vezes bebo um café enquanto converso com amigos e conhecidos. Outras vezes, rio-me de brincadeiras exageradas a que se entregam. Mas há bastante tempo que não vou dar uma das minhas caminhadas nocturnas. Caminhar pela cidade, com os fones nos ouvidos, a sós com os meus pensamentos. E mesmo esses, já não são belos, nem grandiosos. As pessoas tornam-se, de certo modo, indiferentes e perdem o interesse que poderiam oferecer a qualquer coisa que eu criasse.
Em tempos pintava. Tinha a tendência para desenhar e pintar pessoas. Outros tempos houveram em que os meus desenhos não incluíam pessoas. Se elas estivessem lá, estavam mortas. Hoje, se desenhasse, seria uma dessas alturas. Hoje, se desenhasse, seria uma das alturas em que os meus desenhos / pinturas estariam desprovidos de vida humana.
As pessoas falam e brincam e no meu âmago, eu tenho raiva de certas brincadeiras e de certas piadas. Para que quereria eu uma pessoa na minha vida? Em horas de carícia, afastaria a mão do meu corpo ou do meu rosto. Em horas de palavras, despejaria torrentes de ódio e de desespero. Talvez que essa pessoa tivesse uma arma, a mesma que eu usaria para pôr um fim a isto tudo. Talvez que essa mesma pessoa fosse uma arma.
Porque devo eu ir?
Porque devo sentir? Sentir verdadeiramente? Se o sentir é o meu maior mal...
Calam-se assim as vozes dentro de mim.
E eu vou sair daqui agora. Porque isto não é bom. Porque isto não é saudável.

Caminhos de indiferença

13.02.14 | Bruno
Podem rir e brincar. Podem falar muito. Eu posso perder o jeito, posso ficar encaralhado, posso até deixar de achar graça. Isso, ficarem as coisas sem graça, é o meis certo.
Perguntam-me se estou bem, que ando meio calado...
Talvez seja a indiferença a começar a bater.
Talvez seja eu que esteja a ficar indiferente...

Devaneios - Loucuras!

11.02.14 | Bruno
Acabo de escrever no blog que partilho com a minha boa amiga, Erin Leigh. Nem sei se me expressei bem nas palavras, mas acho que apenas quem lê o que escrevo saberá dizer se aquilo que lê provoca qualquer tipo de emoção ou sensação.
Esta tarde serviu para várias coisas. Realizar coisas planeadas. Eliminar coisas desnecessárias. Chatear-me de cada vez que este tablet maluco reinicia e perde texto. Serviu para ouvir música.
Escrevo aqui, sem bem ter qualquer certeza do que queira escrever. Sei o que fiz. Sei o que faço. Sei quem sou, sei o que sou. Sei que não sou o maior exemplo, nem de beleza, nem de sanidade mental. No entanto, sei também as coisas de que não gosto, as coisas que não quero na minha vida. E se as pessoas insistem com aquilo de que não gosto, especialmente quando mal me conhecem, esse é um motivo para que tenham de mim o maior desprezo.
De que vale a pena sonhar ou fantasiar?
Nascemos. E morremos. Ponto final. O que existiu pelo meio, não mais importará.
Eu não vejo a vida como os demais: isto é apenas um jogo para mim. Nâo sei bem como explicar as coisas, mas é apenas uma espécie de jogo de estratégia, em que é comveniente calcular-se o próximo passo com o maior cuidado.
Apanhemos grandes mocas. Fodamos ou amemos. Ríamos ou choremos. A rua mais escura ou a mais iluminada. O mais seguro ou o maior risco. Vestido ou nu. Viver é isso: escolher aquilo que nos faz sentir bem, aliando-o ao que necessitamos. Por vezes, temos que largar-nos de certos caprichos, mas não podemos abrir mão de nós mesmos, seja em que circunstância for. Temos que ser honestos com os nossos corações e com as nossas almas. Aqueles que são bons e verdadeiros amigos, temos de conservá-los por perto. Aumentar-lhes as alegrias e chorar, com um shot de Tequila, as suas mágoas.
Amores? De que servem? São meros enganos.
Abrir os braços numa rajada de vento mais forte e deixar irem as mágoas. Ou deixá-las num mar nocturno.

Que loucura, meu Deus!

Thessaloniki... como não desejar-te?

07.02.14 | Bruno
Thessaloniki, Grécia. 9 a 14 de Dezembro de 2004.
Como não desejar isto outra vez? Como não desejar vê-la no Verão? Como não desejar voltar a caminhar aquelas ruas? Quanto, quanto sonhei eu já com ela, com a minha Thessaloniki amada? Quanto, quanto eu já fantasiei aquelas ruas que pisei? Velhas muralhas e velhas igrejas que conheci?
E há uma música... uma música de uma indiana, cantada por uma "cigana negra" que mais me leva para lá. Thessaloniki dos meus sonhos, como estarás tu? Que encontraria agora nas tuas ruas? Os cavalos puxando as carruagens à beira-mar? O velho senhor do Quiosque, com o seu ar carrancudo, respondendo com gestos às minhas perguntas em Inglês? Os cafés-bares ao longo de toda uma rua, apenas com homens sentados nas suas cadeiras, gozando dos seus momentos?
Thessaloniki... como te anseio e como espero ver-te em breve!
Thessaloniki do Mediterrâneo. Thessaloniki da Grécia. Thessaloniki das minhas fantasias. Quantas Bagdades seriam precisas para conquistarem a força que tens dentro de mim.
Thessaloniki dos meus momentos felizes!

Tenho saudades - devaneios!

06.02.14 | Bruno
Tenho saudades do mar. Saudades do mar que canta, que bate na areia, como se me perseguisse. Teho saudades de rir, ao fugir sozinho das ondas, aceitando a brincadeira do mar e brincando com ele. Tenho saudades do mar que ouve os meus desabafos e chora comigo e do mar que bebe das minhas lágrimas, com as quais banha todo o mundo.
Tenho saudades de sentir receio das ruas escuras, ao invés de encará-las com tanta naturalidade, como se fosse filhos delas. E aqueles que passam de carro, que páram, pedindo uma mortalha ou qualquer coisa mais... tenho saudades de receá-los.
Tenho saudades de algo de que nem me lembro: de ser feliz e rir naturalmente. Tenho saudades de um momento de paz.
Tenho saudades...
Tenho saudades da minha terra e da minha gente.

Quando morrer, o que restará de mim? Quando morrer, o que é que ficará de mim neste mundo? O que restará de velhas conversas, de momentos parvos de brincadeiras ou de horas de sexo? Do arafat que enrolo à volta do pescoço, cujas franjas balançando ao vento me fazem fantasiar?
Quando morrer, dos meus pensamentos, o que restará? Velhos diários e rabisos em cadernos estragados? Velhos versos e velhos desenhos, nos quais ponho todo o meu coração? O que dirá tudo isto de mim? Como é que retratará a minha vida, os meus momentos e os meus pensamentos? E o desejo? Eu que receio deixar uma imagem errada de mim...

Cinzas ao vento. Que seja cinzas ao vento por toda a eternidade.
Tenho saudades de um momento de segurança, em que não importe todo o mundo lá fora. Do Casal das Donas que não conheci e daquele que etou a ver a morrer. Da velha Lisboa e da Lisboa de hoje. Sintra. Pessoas. Ganzas. Momentos.

Em quantas horas em tenho os mesmos pensamentos e quão mais fortes ficam, de dia para dia, de momento para momento.
Eu queria ser uma estátua num jardim, mutilada pelos anos que já viu passar, sem que qualquer mutilação, mentira ou ano que passe me causassem qualquer mágoa.

A sós, na penumbra do quarto

04.02.14 | Bruno
À noite, quando estou a sós na minha cama, nem sempre consigo adormecer. Custa-me a dormir. Custa-me a adormecer. E enquanto não adormeço, penso, sonho acordado, fantasio. Enquanto sonho acordado e enquanto fantasio na penumbra do meu quarto, toco no meu corpo. Toco no meu corpo e imagino outras pessoas. Fantasio momentos e palavras. Estou a sós. Mea culpa!
Custa-me adormecer e muitas vezes os meus pensamentos vêm morder. Mordem de noite, na penumbra do meu quarto ou numa solitária caminhada pelas ruas da cidade. Lá fora chove e está frio, mas o frio lá fora não se compara ao frio de casa, ao frio da cama vazia. Mea culpa!
Ainda assim, mantenho o meu pensamento. Dói, mas não dói tanto como iludir-me e descobrir que nada passa de mentiras. Dói, mas dói menos, ainda assim, que a ilusão. Amor... amor é para a poesia. Para a vida, é uma mentira luxuosa!
A sós, na penumbra do quarto, toco no meu corpo e fantasio uma ou outra pessoa a tocarem-me. E pelo mundo, alguém fará o mesmo, com o mesmo género de pensamentos.
A sós na penumbra de quarto, tenho os mais frios e os mais amargos pensamentos e é assim que me ouço melhor. Assim consigo criar melhor. Meus versos, meus filhos de luz!
Quanto vale a solidão, em momentos de ouro de criação?