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As Crónicas da Vítima

As Crónicas da Vítima

Por amor...

28.09.14 | Bruno


Não hesitava um segundo


Ana Moura

Entre os teus olhos azuis
E um quadro azul de Picasso
Entre o som da tua voz
E o som de qualquer compasso
Entre o teu anel de prata
E todo o ouro do mundo
Escolheria o que é teu
Não hesitava um segundo
Quantas ondas há no mar
Quantas estrelas no céu
Tantas quantas nos meus sonhos
Eu fui tua e foste meu
Entre o teu anel de prata
E todo o ouro do mundo
Escolheria o que é teu
Não hesitava um segundo
Entre o céu da tua boca
E a luz do céu de Lisboa
Entre uma palavra tua
E um poema de Pessoa
Entre a cor do teu sorriso
E todo o brilho do mundo
Escolheria o que é teu
Não hesitava um segundo
Entre o teu anel de prata
E todo o ouro do mundo
Escolheria o que é teu
Não hesitava um segundo

Sabem, aqueles que me conhecem, que eu sou muito dado às artes. Sabem que eu venero a poesia. No entanto, não consigo deixar de partilhar este poema, que Ana Moura canta, com toda a concordância do mundo. Para ti. Por ti.

Tu não fazes ideia, pois não?!...

17.09.14 | Bruno
Não existe ninguém. Não se alegrem.
Escrevo pata descomprimir. Escrevo para acalmar o espírito que nunca se acalma. Escuto e partilho músicas de que gosto (fados, neste caso). Não tem que ter um significado especial, nem tem de haver alguém por detrás das minhas partilhas musicais.
Mas tu não fazes ideia disso, pois não?! Assim como não tinhas ideia do quanto eu estava a gostar. Do quanto eu estava pronto a deixa cair esses muros. Mas é assim a vida... um dia de cada vez, uma mentira de cada vez.
Será que alguém faz ideia da verdadeira dimensão da minha alma? Ou da minha visão enegrecida deste mundo e desta vida? Será que alguém faz a mínima ideia do que custa ser como eu? Do quanto custa sentir as coisas cem, mil vezes mais fortes do que elas realmente são? Será que sabem o que é esta febre de sentir e de criar para acalmar a alma e o sentimento?
Tu não fazes ideia, pois não?
Tu não fazes ideia do que é escrever para tentar aceitar-me a mim mesmo, fazes? Escrever para tentar compreender-me? Escrever para tentar esquecer uma noite de discotecas, enquanto desejava uma ganza e um fado, como se fosse o meu ar? Tu não fazes ideia, pois não?
Será que sabes o que é tentar corresponder a todas as expectativas? Será que sabes o que é ser uma falha aos olhos de todos e, pior ainda, aos meus próprios olhos? Será que sabes o que é, sabendo que não tenho que justificar-me perante ninguém, tentar fazê-lo? Tentar fugir às peruntas e aos olhares interrogadores?
Tu não fazes ideia, pois não?

Alívio do Coração

17.09.14 | Bruno
Deixei de acreditar
Na absolvição,
Na salvação,
Na elevação.

Deixei de desejar
O sonho maior,
O amor,
O fervor.

Parei...
O mundo que piso não é o meu,
Este corpo não sou eu,
Nada há p'ra lá do céu.

Chorei
Sem mentira ou ilusão,
Sem sentimento ou sensação,
Chorei, em versos, para aliviar o coração!

É Apenas Outra Noite

17.09.14 | Bruno
É apenas outra noite, outra rua,
Mais uma mentira pelo ar,
Talvez a mágoa seja tua,
Talvez seja meu, o sonhar.

É apenas outra noite, outra lua,
Que, esta noite, se esqueceu de iluminar,
É apenas a minh'alma nua
Quese ajoelha para rezar.

É apenas poesia a fluir,
Saindo da noite calma,
Que faz a minha alma chorar.

É apenas vontade de fugir,
Esquecer coração e alma,
Esquecer o meu âmago a sangrar.

Sou Tudo Sem Ser Nada

17.09.14 | Bruno
Agora compreendo
Que nada entendo,
Que o erro ficou lá fora
E que depreendo
Que, em breve, irei embora.

Talvez do mundo... da vida...
Que deixarei quem dança,
Quem se ilude - tanta ferida
Que me ficou, na alma, da esperança...
A morte será a minha vingança.

Vejo que todos procuram alguém:
Procuram... e sempre vem
Quem lhes dê alento... e calor...
Uma outra mentira - amor?
Eu quero-me sem ninguém.

O mar... a cinza do meu sonho...
Serei uma lembrança naufragada,
Por tanto mundo que transponho,
Serei tudo, não sendo nada.

E se hoje é triste o meu olhar
Fixo no horizonte,
É de tanto andar a sonhar
Ser uma pedra mais naquele monte!

Eu Não Danço

17.09.14 | Bruno
Eu não danço: encolho-me
No meu canto idealizado
E nem um olhar interceptado
Faz com que me liberte.

Bem dentro de mim, recolho-me
Do mundo deles e quero chorar
Tudo aquilo que insisto em guardar,
Nada há que desaperte

O nó da mágoa de ser diferente,
A dor de não me sentir
Parte deles, de sorrir
De outro jeito - fugazmente.

O meu olharque os mata, destrói,
Que procura o fim dessa dança,
O meu desprezo que corrói
Qualquer traço de esperança.

Coisas que já deveriam ter partido...

16.09.14 | Bruno
Há coisas que já deveriam ter sido largadas. Velhas histórias que já deveriam ter sido ultrapassadas. Velhas gentes da nossa vida que, ainda que não estejam mortas fisicamente, no nosso espírito deveriam estar. Mas as velhas histórias, mesmo as que apenas sonhámos, que nos marcaram verdadeiramente ficam como as marcas da nossa auto-mutilação de juventude, de tristeza, melancolia, medo... horas em que considerámos de coragem, mas que foram da maior fraqueza possível.
Hoje poderia escrever de tudo. Poderia escrever de ti. Sobre ti. Por ti. Denunciar-te e dizer ao mundo, aos meus leitores quem és tu. Quem é o alvo dos meus afectos. Mas digo apenas que chove lá fora. Talvez os anjos ou mesmo Deus, na sua infinita sabedoria e altivez, chorem o mesmo que choro interiormente. Poderia dizer que morreria. Mas isso não é novidade. Namoro a Morte há tanto tempo...
Hoje, sinto que poderia ter feito tanta coisa diferente e talvez nunca nos afectasse tanto esta presença ambígua. Hoje sinto que poderia ter-te dado o melhor de todos os mundos e, de ti, poderia ter retirado o mesmo. Hoje, tenho "apenas" um número enorme de poemas escritos para ti, com os quais planeio já o meu segundo livro (e porque não começar com estes poemas, para o primeiro livro?). Hoje, continuo "apenas" a escrever-te. A escrever p'ra ti. E serás eterno, mesmo quando fores apenas mais uma campa no cemitério, quando eu for cinzas dispersas no ar, talvez um pouco da trovoada que rasga os céus ou a chuva que é, talvez, as lágrimas dos anjos e do próprio Deus.
Há coisas que já deveriam ter partido.
Há coisas que já deveriam ser apenas um memória tão distante...

Que me importa?...

15.09.14 | Bruno
Que me importa o mundo e os seus olhares? Os seus ditos e mexericos? Que me importam as suas vontades e as suas crenças? Que me importas tu, afinal? Que é que me importa o que tenhas ou o que sejas? Que é que me importa o tempo que se passou e tudo o que houve pelo meio? Ainda és uma sombra na noite, ainda és o que provoca o medo, ainda és o que provoca o susto maior, o quase-enfarte.
Que me importa o que digam ou o que façam? A proximidade? A distância e até mesmo a saudade? Se eu já não sei viver sem saudade e se ela é algo tão normal para mim, como respirar?
Que me importa o medo?
Que me importam as dores?
Que me importa o passado ou o futuro?
Que é que me importa o gajo que escreve agora no computador ao meu lado e que se relaxa completamente na cadeira? Se olha ou deixa de olhar para o que escrevo? Se coça os tomates ou se fica a ver o que seja?
Que é que me importam os mitras na rua?
Que é que me importa o que quer que seja?!

Opções

10.09.14 | Bruno
Por que é que penso em coisas que dizer e sobre que escrever, enquanto desço a avenida, chego ao computador e sou incapaz de escrevê-las? Como é que se desenrola esse processo de uma mente completamente cheia numa situação e vazia logo a seguir?
Não espero fazer um grande texto. Sinceramente, desisti de esperar grandes coisas de mim mesmo. Tenho-me demonstrado uma imensa decepção para todos quantos me rodeiam. Como posso esperar que seja de outra maneira, se a mim mesmo decepciono?
Hoje tenho sabedoria para ver as coisas, vontade para fazê-las, mas uma preguiça enorme que me move, uma ansiedade que me mina.
Talvez seja altura de deixar esta vida... e começar uma outra, longe, longe...

O que há a dizer?

03.09.14 | Bruno
imagem retirada do link: http://sopenumbra.blogspot.pt/2013/02/paisagem-noturna.html
O que tenho a escrever? O que poderá ter ficado por dizer?
Quantas mais palavras terei que gastar, até me aperceber, finalmente, de que nunca nada será como o terei idealizado, de que nunca terei direito ao mesmo a que os demais têm direito? Nunca terei direito a essa paz de espírito, nunca terei direito a essas horas de quietude, estendido numa cama qualquer, estendido num chão qualquer.
Ser honesto apenas me tem trazido dissabores: o dissabor da derrota, o dissabor da perda, o dissabor do vazio.
Olhando para o céu, contemplando o céu cheio de milhões de estrelas, pergunto quando é que terei errado tanto, que perdi o rumo à vida.
Hoje penso que talvez deva começar a mostrar algo que não sou. Talvez consiga estar mais em paz. Talvez consiga ser mais feliz, face à falta de honestidade que parece mover a felicidade de milhões. Hoje recordo-me de ti e o que recordo, já não é tão doce quanto outrora. Talvez uma experiência de "quase-morte mental" devido a algo que se assemelhava ao que me deste, mas que se afastou com a minha honestidade...
Não posso ser algo que não eu. E sendo eu, nada terei de verdadeiramente meu!