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As Crónicas da Vítima

As Crónicas da Vítima

Mortos

30.09.16 | Bruno

Há coisas que, uma vez mortas, devem enterrar-se e largar. De nada vale manter um cadáver em casa: ao fim de uns dias, começa a cheirar mal e torna-se incómodo. O mesmo se passa com as palavras e com alguma ideia que se tenha tido, mas que não resultou: enterra e passa à frente.

Sonho?

29.09.16 | Bruno
Deixei o deserto para trás. Ao abrir os olhos fechados, dou comigo na sala empoeirada de uma casa, que, pelo que consigo perceber da vista através das vidraças das janelas, encontra-se rodeada de floresta. Traço um gesto no ar, tentando tocar as cadentes partículas de pó, que se desviam em danças graciosas.
Avanço para a porta. Abro-a e a casa desaparece. Desenrola-se um pequeno caminho à minha frente, quase imperceptível, que termina à entrada de uma portada gigantesca, do que parece ser um templo antigo. Demasiado antigo, para ser real.

Abro os olhos. E já não vejo nada.

Esta loucura tão minha!

25.09.16 | Bruno
O que pode fazer-se, quando o nosso nível de loucura leva-nos a ter o corpo presente, mas a nossa alma está a quilómetros daqui, a centenas se atrás? O que pode fazer-se, quando parece impossível acompanhar este mundo e o seu ritmo exagerado?
Eu escrevo. Às vezes, desenho. E, uma vez sozinho em casa, ponho uma música qualquer aos berros e danço, sozinho, de maneira ridícula e exagerada pelos quartos da casa.
Tenho muitos demónios dentro de mim. Não resultou tentar exorcizá-los, pelo que, agora, brincamos e dançamos juntos, nesta loucura tão minha.

Porque escrevo

21.09.16 | Bruno

Eu escrevo, porque tenho necessidade.
Escrevo, para expulsar o que não digo, o que deixo morrer nas ruas da cidade.
Escrevo, porque começo a esquecer-me de como expressar sentimentos de outra forma. Porque é mais fácil expressar-me assim.

Devia estar a dormir. Ou a tentar. A noite já vai alta. E pensar não tem resultado.
Escrevo, porque atrofio com qualquer coisa que não atinjo. E esqueço, muito rapidamente, o que quero escrever.

"Ah! A doce agonia de esquecer
A lembrar doidamente o que esquecemos... "
Florbela Espanca

Boa noite, melancolia

20.09.16 | Bruno

Há palavras condenadas a serem apenas pensadas.
Há sentimentos condenados a serem guardados dentro do peito.
E depois, há aquelas coisas que saem, como lágrimas que escorrem pelo rosto dos sôfregos, como a melancolia que escorre pela minha caneta ou pelo meu teclado.
Boa noite, melancolia!

Fado

20.09.16 | Bruno

Muitos não entendem a minha obsessão com Amália Rodrigues. Muitos não entendem o facto de gostar de Fado, das guitarradas.
Acontece que vivo para tentar atingir a minha própria compreensão e nem essa tenho.
A isto, chama-se Fado.