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As Crónicas da Vítima

As Crónicas da Vítima

#metoo

28.10.17 | Bruno
Passa-se bastante tempo, entre um texto e outro. De vez em quando, lá venho com uma ou outra ideia melhor.
Acabo de escrever um texto algo confuso, no meu outro blog, sobre a tag #metoo! Escrever os blogs no telemóvel é muito fixe, quando se está de viagem, mas nada bate um computador. Reler o que se escreveu, editar aqui, corrigir ali. Enfim, é melhor não começar a divagar.
De há uns tempos para cá que tenho evitado bastante pessoal. Evitar encontros, evitar possíveis finais, dos quais me arrependo depois. Evitar situações que me levem ao extremo de fugir e fazer isto mesmo: evitar pessoas.
Essa hashtag refere-se ao assédio. As mulheres decidiram partilhar essas hashtag, por forma a demonstrar que, o assédio, é bem mais amplo do que visível. E mesmo não sendo mulher, posso dizer que #metoo: eu também sofro de assédio (ou sofri); posso pegar como exemplo, aquele artigo da activista transexual turca, violada e torturada, para depois ser assassinada. Destaquei uma parte do texto em que falava daqueles que gritavam a indignação perante a nossa existência (homossexuais, transexuais, entre as várias designações estúpidas que arranjaram actualmente), mas que nos olhavam como objectos sexuais. Muitas das vezes, os vossos maridos homofóbicos, são os maiores abusadores.
Admito que, de há um tempo para cá, deixei de me surpreender com as variadas propostas, de variadas pessoas. Mas também ganhei um novo medo: ao contrário de muitos desses activistas de meia tigela, dos direitos GLBT, que não acho que, a visibilidade, seja boa em todos os casos. Não acho que super exposição seja a melhor solução. Não aqui, não de onde venho. Ao contrário do que acham, essa visibilidade pode ser mais problemática, do que pacificadora. Aqui, neste sítio, mesmo perante gente conhecida, tenho medo deles e das suas intenções; agrava-se a situação, se houver álcool ou drogas à mistura - depois de um susto que apanhei com uns miúdos parvos, no ano passado, em que pensei que ia ser violado (e não, não ia gostar, ao contrário das vossas piadas e crenças); depois de aceder a ter sexo com um gajo conhecido, por estar a adivinhar que ele poderia forçar uma conhecida a sexo, mas arrepender-me a meio e ser forçado por ele a levar até ao fim; não acho que a visibilidade seja boa. Não acho que fazerem um escândalo por coisas parvas e sem nexo, tenha qualquer vantagem; não acho que vocês consigam algo de positivo com isso, bem pelo contrário... Mas isso é da minha experiência, e eu é que sou parvo e sou "obrigatoriamente um activista por ser homossexual". 

Incêndios florestais em Portugal (sem esquecer da Galiza)

17.10.17 | Bruno

Neste fim de semana que se passou, Portugal foi queimado.
Neste fim de semana que se passou, o país ardeu. Florestas inteiras foram erradicadas. Cidades queimadas e evacuadas. Mais de 60 mortes, um bebé com um mês de vida entre as vítimas.
Li, numa publicação partilhada de um grupo de Leiria, pessoas a alertar para gente em motas, a colocar incêndios. Estavam armados. Depois do pânico de tentar saber da gente que tenho na minha terra, entre amigos que são família, família da parte paterna, dizem que também ouviram motas por lá. Fala-se de um carro e um jipe.
Isto, meus amigos, juntamente com o que houve no Verão, foi terrorismo. Terrorismo caseiro, interno, com imensos interesses financeiros, como se tem tornado evidente (caso o não fosse já, há vários anos). Houve incendiários soltos, por votos de confiança, pelo amor de Deus! Os altos quadros da nossa justiça e da nossa governação estão a querer fazer - nos de idiotas. Estes terroristas mataram 100 pessoas, queimaram o país inteiro, mataram florestas, animais...
O mesmo aconteceu com a Galiza e, ainda que um dos fogos tenha atravessado o rio, não foi essa a responsabilidade de todos. Mas não sei os contornos do que se passou por lá.
Neste fim de semana, o Inferno veio ao nosso país - comprovado por, pelo menos, un raríssimo remoinho de chamas, em fogos anteriores!
Neste fim de semana, tivemos a certeza que temos que unir - nos e batalhar pela mudança ou nunca teremos paz. Tivemos a certeza de que faz falta o repovoamento de aldeias e tudo o que isso traz. Tivemos muitas certezas, tais como dúvidas. Não havia registo de incêndios há duas horas atrás. Não tenho a certeza se se mantém, mas assim o espero. Que recomece uma nova era, em que cuidemos uns dos outros e do nosso país.
Este fim de semana, começaram a matar-nos. Sangraram o nosso país.
NUNCA MAIS!