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As Crónicas da Vítima

As Crónicas da Vítima

Escrever

27.04.22 | Bruno

Escrever sobre as minhas acções nas redes sociais, como seguir ou deixar de seguir certas pessoas, é inútil. É um desperdício de tempo.

Escrever sem uma certa linha de pensamento acaba por ser torturante, ainda que necessário. De qualquer das formas, estou a depositar ideias ou pensamentos: podem não fazer sentido, mas ficam como uma anotação do que pensou ou do que sinto. Poderia, também, guardar as coisas nos rascunhos, mas nunca fui muito fã dos rascunhos digitais, pois sei que se não publicar os textos, corro o risco de vir a eliminá-los.

Escrevo, porque escrever liberta-me e é, no fim de contas, do que se tratamas Crónicas da Vítima: a libertação de mim mesmo, o exorcizar dos meus demónios. Escrevo, porque a ansiedade assim mo pede e mo ordena.

52 Semanas de 2022 | Escreve Sobre o Amor

27.04.22 | Bruno

Sei que a ideia deste texto, seria ser publicado no dia 25 de Abril. Contudo, nem sempre estou com disposição para cumprir datas, como foi o caso desta vez. E o tema desta semana do desafio das 52 semanas de 2022 é o amor: escrever sobre o amor. E o que é o amor?

O amor são as memórias que tenho com a minha mãe: passar em frente a uma montra e ver dois ursos de peluche, um maior e um pequenino, e gostar tanto deles, que a minha mãe me comprou um par; o amor é gravar as novelas que a minha mãe gosta e vê-las com ela; é qundo nos abraçamos e, por qualquer motivo ou sem motivo algum, apertarmos o abraço e ficarmos nele por um tempo; é recordar-me de situações menos boas na minha vida e ter sempre aquela presença, por vezes mais fria, mas que nunca me faltou. O amor é recordar o meu pai que morreu tão cedo e as madrugadas de fim-de-semana em que acordava às três ou quatro da manhã, para aproveitarmos mais tempo juntos - ideia da minha mãe.

O amor é recordar a minha tia e os meus avós. É recordar um momento em que achava que tinha perdido a minha tia e desatei a chorar e a correr à procura dela; eram as tardes na praia ou as viagens para a terra; o amor era ter um saco cheio de avelãs e pinhões, que a minha avó tinha apanhado para mim; é a memória doce da voz do meu avô, do seu olhar carinhoso e as horas que passávamos juntos; são as meórias de jogos de cartas pela noite fora, com o meu avô, a minha tia e umas amigas de lá; as noites que passava com a minha avó e a minha tia no corredor de casa, com um amigo ferreiro e o Vitinho.

O amor é não largar a memória daquele amigo que o mar decidiu reclamar para si, há quase cinco - faz no próximo dia 3 de Maio. São, também, amor, as amizades que criei a trabalhar à noite naquele café e as memórias que, velhos e novos amigos, criámos; olhares trocados e momentos consumados, corpo no corpo, boca na boca. Porque até um amante tem um pouco de amor.

Mas também a noite tem amor: as ruas frias que percorro, as esquinas que conheço tão bem.

Também conta o amor-próprio: o largar-me de alguém que não interessa para a minha vida e que, no fim de contas, também não tem interesse em manter-me na sua. O amor prórprio, o respeito por mim mesmo, são formas de amor. E como escolho, como já escrevi antes, deixar de seguir pessoas nas redes sociais, porque o tédio que ver as suas vidas me oferece é consumir-me mais um bocadinho. Largar-me de certas pessoas, de certos locais e de certos andamentos. 

O amor tem muitas formas. Podem ser pessoas e momentos, os meus gatos ou o meu canário, por quem entro na cozinha às escuras para não acordá-lo. O amor pode ser, também, o silêncio da noite em que nos envolvemos, com os nossos pensamentos, uma bebida e um cigarro. O amor pode ser tanta, tanta coisa, mas há muito que não pensava sobre isso. Ou, se pensava, sacudia os pensamentos da minha cabeça.

Tenho Andado Silencioso

20.04.22 | Bruno

Ainda que vá agendar esta publicação para se publicar mais tarde, é a segunda que escrevo nesta madrugada. E não é que a hora tenha importância, mas acho engraçado que o Sapo tenha um aviso sobre uma manutenção técnica programada para esta madrugada e é sempre de madrugada que escrevo! :)

Sei que tenho andado mais silencioso ultimamente, mas foi precisamente por isso que aceitei os desafios de escrita que encontrei por aqui. Sei que não tenho uma rotina, nem disciplina de escrita, o que deveria trabalhar, uma vez que é uma actividade de que gosto bastante. Contudo, é quando sinto que devo escrever que me sento e faço-o, porque sinto em mim uma certa necessidade de deitar qualquer coisa cá para fora, seja de postivo ou de negativo. E mesmo o que tem uma vertente positiva, não deixa de ter o seu quê de triste ou melancólico - dizem que damos o que temos e, no meu caso, é sempre uma certa angústia que chega como as nuvens carregadas de chuva.

No meu silêncio, tenho observado o meu desejo a tomar forma. Tenho observado o ar de espanto, quando se apercebem de que as suas ruas já foram as minhas e que larguei esse "trono" por vontade própria. Tenho observado tantas coisas e, no fim de contas, está tudo bem. Sigo adiante, ignorando o que não quero e absorvendo o que me interessa.

Quantas histórias há na História?

O meu coração bate e transporta sangue através das veias e das artérias. No meu sangue, o desejo tornado realidade e a carne consumida. Também a ânsia não consumada, entretanto desprezada. Toda a crenças de que tudo seria eterno e tomado como certo, até se esfumar numa noite de silêncio.

Sei que tenho andado um tanto ou quanto silencioso e, no meu silêncio, observo. Nem sempre escrevo, mas observo e absorvo, transmutando-me assim. Cresço, desenvolvo-me, deixando para trás a carcaça do que fui. Talvez que, quando quebrar o silêncio, abra as minhas asas e voe. Voe bem alto, para longe de tudo quanto me prende em amarras invisíveis. Por enquanto, estou em metamorfose.

Redes Sociais: Seguir ou Não Seguir?

20.04.22 | Bruno

Não há muito tempo, escrevi um texto em que mencionava a ansidedade e a forma como lidava com isso. Ou melhor, escrevia como usava as redes sociais para lidar com a minha ansiedade. E tenho ponderado em deixar de seguir algumas pessoas que conheço.

Recentemente, deixei de seguir vários artistas e algumas pseudo-celebridades do Instagram. Sinceramente, não há muito que acrescentem à minha vida, ainda que tenha que decidir sobre alguns dos que mantenho. Depois disso, irei passar por algumas pessoas que conheço: não estamos na vida uns dos outros, não deixámos qualquer na vida uns dos outros para nos considerarmos amigos e não vejo qualquer utilidade em seguirmo-nos. Não será uma questão ansiosa (acho), mas, como li algures numa rede social (a ironia!), vale muito mais a minha paz, do que seguir pessoas à toa e sentir que não faz qualquer diferença estar ali ou não.

E escrever textos destes,não servem com justificação para qualquer acção que tome. Servem, como menciono incansavelmente, para livrar-me de qualquer resquício de ansiedade, de culpa ou do que quer que seja, que determinada situação me cause.

Desafio De Escrita do Triptofano | O Gato e o Peixe Na Bola De Cristal

17.04.22 | Bruno

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O gato olhava para o peixe na bola de Cristal. O peixe fitava o gato de volta.

O peixe movimenta-se à volta da bola, sempre com o olhar do gato fixo em si. O peixe mexia a sua boca de forma constante e ritmada, enquanto nadava dentro da bola de cristal e o gato fitava-o.

Olhavam-se. O gato ergueu as patas dianteiras e peixe nem estremeceu, continuando no seu nado suave. As patas do gato tocaram a bola de cristal. E esfregaram-na.

Numa voz estranha que saía da bola de cristal, o peixe pergunta:

- Que é que queres, gato?

Os olhos do gato tornaram-se negros e, numa espécie de voz, ouviu-se no miado do gato:

- Boa Páscoa!

O peixe ficou boquiaberto e corou. Respondeu numa voz envergonhada:

- Boa Páscoa, gato!

Texto no âmbito do desafio de escrita do Triptofano.

Uma boa Páscoa a todos os bloggers!

Talvez Entendas. Talvez Não!

17.04.22 | Bruno

Talvez tenhas percebido nestes últimos dias em que os nossos caminhos se têm cruzado. Talvez não. Apesar de tudo, não somos assim tão diferentes. A diferença é que, enquanto ainda cruzas essas ruas com essas companhias, eu já as larguei há bastante tempo.

O mal das pessoas é acharem que elas é que sabem sempre tudo, que as vontades não passam e que os sentimentos não mudam. O mal é acharem que os outrs estão ali, sempre disponíveis, sem querer ou precisar de algo mais. É acharem que, lá porque não me conheceramnessas caminhos escuros, frios e húmidos, nunca lá passámos, não conhecemos ninguém.

Talvez agora compreendam que, contrariamente à grande maioria, não tenho muito a esconder, nada a perder. Porque, ainda que não venham a ler-me, "falo" quem o faça. E, no fim, por muito suave, por muito sensível que seja, como me foi dito há pouco tempo em locais obscuros, acabo por ser do tipo mais perigoso de pessoas: fui ferido, magoado e abandonado e sobrevivi. Passei pelos piores tempos da minha vida sozinho e estou aqui. E sei que, no final do dia, mesmo que esteja sozinho, vou sobreviver.

Talvez tenhas percebido que esses caminhos e essas almas não me são novas. Talvez tenhas vindo a compreender que antes quero-me sem nada, que ter uma outra fonte de ansiedade. E, sem rodeios, estou bem com isso.

Underneath the street light, oh, waiting for the shit to down!

Deveria Ter Escrito Antes

16.04.22 | Bruno

Entre um café e outro, uma situação. Uma cara. Palavras que imaginei, que revisitei na minha cabeça e que pretendia escrever. Entretanto, passaram-se algumas horas e as palavras desvaneceram-se. Não faz mal, há sempre novas palavras a ser escritas, mas o pior é conseguir articulá-las.

Escrever sobre sentir-me "demasiado velho" para certas situações e evocá-las. Escrever sobre o consequente rebate destas ideias por parte dos outros, mais velhos e mais novos. Contudo, sinto-me demasiado velho para manter-me em ambientes em que não me sinto confortável, para aturar as inseguranças de outros, quando lido com as minhas próprias, para perdoar indefinidamente comportamentos que, no fim, apenas me magoam. Sinto-me demasiado velho para aceitar cobranças, sem que haja uma mínima reciprocidade ao que exigem. Ainda que me sinta demasiado velho para certas coisas, agradeço o facto de ter descoberto o prazer de dizer "não" e de terminar relacionamentos que não me beneficiam em nada. Agradeço a sensação de auto descoberta e auto compreensão (a segunda, é quase sarcástica) que os (d)anos ofereceram-me.

A noite na cidade tem dessas coisas: às vezes, o tédio é imenso; de vez em quando, existe toda uma parafernália de emoções diferentes, que deixam uma mente à deriva e encontrar o rumo é complicado.  No entanto, aqui estamos.

Estou demasiado velho para este género de coisas.

O Café Precisa De Pessoas

12.04.22 | Bruno

Acabo de ver no Facebook que o café que frequento está a precisar, novamente, de pessoal. E ainda que já tenha havido quem se lembrou de mim e me marcasse na publicação, ainda não falei com o M. sobre isso, senão numa conversa superficial há uns tempos.

Um dos meus últimos trabalhos de "longa duração" (lamento, mas não tenho conseguido muita estabilidade e, talvez, o problema esteja realmente em mim) foi, também, num café que frequentei durante sete anos. Nos últimos três anos e qualquer coisa daquela gerência e os primeiros meses da nova gerência na altura, não só frequentava o espaço, como trabalhava lá à noite. Se me perguntarem por que é que ainda não falei com o M. em relação a poder vir a trabalhar ali, posso dizer que há dois motivos: um deles, é o facto de conhecer bastante bem e não querer tão bem a algumas pessoas que frequentam o espaço; o segundo, é o facto de que, ainda antes de precisarem de pessoas por ali, numa conversa o M. disse que não costumava empregar pessoas que frequentassem o espaço, exactamente por causa de possíveis más relações entre quem lá fosse trabalhar e outros que frequentassem o espaço.

Ainda que esteja a precisar de recomeçar a trabalhar o mais breve possível, tenho vindo a ganhar uma espécie de filosofia de que trabalhar através de ou para amigos traz mais malefícios do que bem. Como disse, há muito tempo que não consigo estabilidade num trabalho. Os últimos sítios onde trabalhei (ou onde fiz experiência), foi com ou através de amizades e, não tendo aguentado o posto de trabalho, parece que as pessoas ficam muito chateadas ou ofendidas com isso, acabando por ter atitudes menos boas fora do campo profissional, entre deixarem de falar e atirar "boquinhas" parvas. Entendo que quando é um amigo ou conhecido a conseguir um local de trabalho, devemos dar um pouco mais de nós. Por vezes, esse pouco mais de nós não é suficiente para quem gere o local ou, no fim de contas, não somos aquilo que está no menu de quem nos contrata. E está tudo bem.

Há uma pessoa que me arranjou dois trabalhos: um deles, foi no final do ano passado e fui demitido com a desculpa de que estavam a fazer menos horas e não precisavam de ninguém para o horário que eu fazia. Antes de ser demitido com essa desculpa, a mesma entidade assinou um contrato a alguém de manhã e demitiu a mesma senhora ao fim da tarde. Antes de trabalhar com esta "amiga" aqui, fui trabalhar com ela num outro sítio por, supostamente, ela estar a explorar uma pastelaria. Acontece que não só ela não estava a explorar a dita pastelaria, como a mesma estava com uns indianos que pareciam estar a braços com a justiça e onde, todos os dias, tinha lá a polícia à procura de um dos indianos - sem querer mentir, creio que era a polícia fronteiriça. No fim de contas, acabei a trabalhar mês e meio, tendo recusado um contacto da SONAE por conta disso e fiquei sem nenhum dos trabalhos.

Nem sempre é bom trabalhar através de amigos. E é péssimo trabalhar com amigos - algo que, há muito, muito tempo, tinha-me decidido a não fazer. Nem sempre é possível ir para um trabalho de que se gosta, pelo simples facto de que se frequenta o sítio e é uma política da entidade empregadora não contratar quem o faça - algo com o qual concorde. Contudo, talvez decida tentar de qualquer das formas, ainda que não esteja muito seguro disso.

52 Semanas de 2022 | Primeiro Amor

11.04.22 | Bruno

Ainda que quando se pensa no amor, pense-se no amor que nos leva a relacionamentos ou a namorar, não penso assim em relação ao primeiro amor. Para mim, o amor tem várias vertentes e uma delas pode ser as pessoas da nossa família e o meu primeiro amor foi, de facto, alguém da minha família e que perdi há três anos atrás: a minha tia.

Desde pequeno, sempre a tive presente na minha vida, foi um dos pilares da minha educação, foi uma pessoa que, fizessebem ou mal, esteve lá sempre para mim e nunca me faltou. Quando foi diagnosticada com um cancro terminal e quando cuidei dela do diagnóstico até á sua morte, tenha sentido que, de certa forma, tentei retribuir todo o cuidado e o amor que teve para comigo.

Sim, o meu primeiro amor foi, de facto, a minha tia!

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Texto no âmbito do desafio da Ana!

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