Pouco a Dizer
Sobre o dia, não há muito a escrever ou a dizer. Sobre a noite... bem, também não. Talvez.
Enquanto estou no café, o meu olhar depara-se com aquele de quem fui amante até há pouco tempo. Quando desapareceu, com a namorada, sorri ligeiramente. Não me arrependo de ter bloqueado esse rapaz nas redes sociais, através das quais me contactava, depois de me aperceber que fora bloqueado no Messenger mais uma vez. Não me arrependo de ter oferecido aquelas experiências novas, mas arrependo-me de ter permitido que certos jogos tivessem durado demasiado tempo - nunca fui muito de jogos, menos ainda com quase 35 anos.
Do café, fui com dois conhecidos à feira de Maio. Há muito que festas e feiras deixaram de dar-me aquela sensação de alegria. Há muito que deixei de sentir que pertença a certos meios, a certas pessoas. É como as ruas: aquele idiota, mais um, chorava-se de que já ninguém se lembrava dele, mas as ruas só são boas, se forem, enquanto fizeres o seu jogo. Quando deixas de estar ali e de participar naquilo que te é oferecido, muito rapidamente passas de um nome conhecido ao esquecimento.
Afastar-me de algumas pessoas e das ruas foram das melhores decisões que pude tomar, ainda que, muitas vezes, a escolha não fosse propriamente minha. Não deixa de ter sido das melhores coisas que puderam ter acontecido. Largar alguns amantes, largar certos conhecidos, largar certos caminhos, foram, sem dúvida, o melhor rumo.
Não há muito sobre o que escrever: o dia foi aborrecido, igual a tantos outros. A noite, foi tranquila, apenas um olhar de segundos, apenas duas voltas numa feira, que está reduzida a pouco mais que umas barracas; sobra-me apenas uma ligeira tristeza, que está reduzida a uma tristeza ainda maior, por sentir essa tristeza de forma constante.