Recentemente, um amigo ligou-me para irmos ao café e convidar-me para um jantar do seu aniversário. Entre conversa, diz-me que a irmã de uma conhecida faleceu, aparente suicídio. Poucos dias mais tarde, um rapaz que conhecia de vista, amigo de amigos e conhecidos, faleceu. Na publicação que vi, lia-se sobre "o abraço que não te dei quando precisaste". Soou-me o alarme de suicídio, o que veio a confirmar-se.
Há vários anos que estou diagnosticado com depressão e ansiedade, tendo chegado a fazer exames cardiológicos derivado a esta última. A vida não foi fácil e nunca levei tratamentos a sério e o acompanhamento foi, a meu ver, fraco e quase nulo. Acontece que, devido a varias coisas da vida nos últimos anos, senti que o meu nível depressivo e ansioso têm vindo a agravar-se. E estas últimas notícias, ainda que não fossem pessoas do meu circulo próximo, afectaram-me. Mais do que seria aconselhável.
Há cerca de duas semanas atrás, decidi pedir ao medico que me acompanha no hospital que me reencaminhasse para psiquiatria. Há muito que sinto necessidade de fazer uma avaliação do meu estado psiquiátrico e estas notícias reforçaram essa necessidade. Há bastante tempo que digo "tenho que ir ao médico, para fazer uma avaliação psiquiátrica", mas nunca passava disso. Se há males que vêm por bem, a morte do filho e do amigo de alguém, foi a minha bóia de salvação, para procurar a ajuda que há muito sei que preciso.
Por enquanto, ainda me resta a espera. Contudo, sinto a ansiedade desta mesma espera: de receber algum acompanhamento, de saber em que estado está, realmente, a minha mente, de saber o que vai sair daí. Mas é esperar que farei, procurando não deixar arrastar-me para a obscuridade desses velhos pensamentos, nem voltar aos desejos de rabiscar a minha pele com uma lâmina fria e afiada.