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As Crónicas da Vítima

As Crónicas da Vítima

Cinco Anos Sem Ti

03.05.22 | Bruno

Faz cinco anos que o mar da Foz do Lizandro te levou e são muitas as coisas que queria escrever, contudo sinto-me incapaz.

Em cinco anos desde a tua morte nas estúpidas circunstâncias que foram, são várias as vezes que me passas no pensamento: quer seja na saudade, na dificuldade de ultrapassar estas estúpidas circunstâncias que levaram à tua morte naquela tarde, nas memórias boas que temos, nas vezes que, sem me aperceber, te chamo a uma conversa. Queria escrever muitas coisas, mas não adianta de nada, porque não estás para lê-las; queria dizer muitas coisas, mas não adianta, porque não estás cá para ouvi-las.

Faz cinco anos e nem esse tempo torna as coisas mais fáceis: a dor é, na verdade, mais suave, mas sinto sempre a falta. Há pouco tempo, quando fui beber café, lembraram-me de uma coisa da qual nem me lembrava: quando o café em que trabalhava e onde te conheci mudou de gerência, também mudaram os meus horários. Eu fazia a abertura e o fecho e sabendo que abria o café, depois de uma noitada, começaste a ligar-me eram seis e meia da manhã. Quando lá cheguei, estavas com o outro rapaz que me lembrou disto e com mais alguém, que não recordo quem seja, e pediram-me se podiam ficar na parte de baixo do café. Ofereci-vos o pequeno-almoço, que eram umas tostas mistas de carcaça e algo para beber, que imagino que fosse um sumo ou um Ucal. Sorri, ao recordar essa história.

Cinco anos se passaram, desde aquela fatídica tarde, em que ouvi uma ou outra história das pessoas que foram àquela praia naquela tarde e as situações que levaram a que estivesses ali. As coisas não podem ser mudadas e a saudade não desaparece. Contudo, e apesar de ter vontade de chorar, mantenho-me firme, olhando o vazio da minha parede: no fim de contas, tive o prazer de te conhecer e a honra de chamar-te de amigo.

Acredito que haja qualquer coisa mais além disto, desta vida e deste mundo, e acalma-me a tristeza de saber que, entre tanta gente que de certeza me receberá, tu será um deles. E devo afirmar que não vejo a hora de voltar a ver-te. Por agora, abraço as memórias que me ficaram.

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