Quando o Desconforto Dá Lugar à Mudança
Como adivinhei quando aceitei participar nos desafios de escrita, tenho passado dias sem escrever. Não fossem esses mesmos desafios e acabaria por passar dias, senão semanas sem escrever. Bem que, muitas vezes, penso que gostaria que o meu blog fosse algo famoso e que pudesse viver disso mesmo, mas como quero fazê-lo, se não me sento para escrever, se não cativo o público?
Também, o pouco que escrevi antes de migrar o meu velho blog para aqui, foi sempre de mágoas ou de tristezas. Como já referi várias vezes, prefiro escrevê-las do que ter de falar com alguém. Há muito, muito tempo que desisti de falar do que me aflige, porque há sempre questões adicionais, porque, para algumas pessoas, é estupidamente difícil de escutar e deixar alguém sofrer, sem querer entrar numa espécie de competição a ver que teve situações piores na vida. A vida não é apenas uma competição: um ombro amigo, silencioso e sem julgamentos (ou com julgamentos silenciosos) vale muito mais que imensas saídas à noite para copos.
Contudo, não era isto que vinha aqui escrever, mas excitei-me. Desculpem lá. Ou, de certo modo, até é.
Costumo ir ao café à noite e claro que, quando começa a frequentar-se o mesmo sítio durante algum tempo, conhecem-se as pessoas, travam-se conhecimentos, fazem-se amizades - imperfeitas ou não, não importa - e brinca-se com as pessoas. Talvez eu esteja muito sensível, mas há certas palavras que me afligem secretamente. Não, não me afligem ao ponto de me magoarem, mas consegue-se que me questione. E ainda que possa ser mau, não foi o caso.
Sem querer entrar em detalhes, acabo por tornar coisas simples em textos confusos. Sem querer falar nesse amante que deixei ir, certas pessoas que tenho vindo a conhecer e com as quais brinco, acabam por recordar-me certas coisas que escolhi para mim, em prol de outros, mas que, no fundo, faziam-me sentir bem comigo mesmo. E acabavam por fazer-me sentir bem. Não me queixo, contudo não consigo deixar de sentir um certo desconforto.
Estou sem saber como dar continuidade a este texto. E é, nesta altura, que por norma deixo os textos a meio e meto para aqui uma qualquer conclusão, simplesmente por que é demasiado desconfortável estar a ponderar o que possa vir a seguir. Neste caso, poderia ser uma conclusão qualquer, como tentei escrever, de esperar que possa vir a tomar decisões baseadas naquilo que quero para mim, sem qualquer influência externa de uma conversa ou brincadeira parva. Mas acontece que sei que, por muito que o diga e escreva, haverá sempre alguma coisa que se baseie nos outros, porque conheço-me de cor, ainda que não me entenda.
Imagino, então, que esteja na hora de concluir isto. O meu desconforto está patente e, ainda assim, não é um desconforto mau de todo. Acho que há todo um estigma à volta de certas palavras e de certos sentimentos, que fazem com que muita gente entre em cruzadas contra brincadeiras e palavras. Por vezes, este desconforto é um ponto de partida para um crescimento, para uma mudança, para um maior cuidado connosco, para algo melhor. E é bom que haja sempre uma situação que permita uma mudança, um crescimento, uma mudança. E é isso que quero: crescer e mudar, porque, onde e como estou, não estou confortável.